O Presidente Frustrado

A primeira sessão espírita no lar da família Xavier realizou-se em maio de 1927.

Em junho do mesmo ano, os companheiros dessa reunião cogitavam de fundar um núcleo doutrinário.

Era preciso fundar um Centro – diziam.

E, certa noite, num velho cômodo junto à venda de José Felizardo, onde o Chico era empregado, o assunto voltou a debate.

Na assembleia, estavam apenas dois companheiros espíritas, contudo, junto deles, umas dez pessoas, sentadas, bebiam e comiam animadamente.

—Ah! Um Centro Espírita? Boa ideia! – comentava-se.

—Apressemos a fundação!

—Faremos tudo por ajudar…

—Será para nós um sinal de progresso…

E, dentre as exclamações entusiásticas que explodiam surgiu a palavra de um cavalheiro respeitável, pedindo para que o Centro fosse instituído ali mesmo. Quem seria o Presidente? 

José Hermínio Perácio, o companheiro que acendera aquela nova luz do Espiritismo, em Pedro Leopoldo, morava longe, a cem quilômetros de distância.

Mas um cavalheiro, de faces avermelhadas, prometeu solene:

— Assumo a responsabilidade. A fundação ficará por minha conta. Chamem o Chico. Ele poderá lavrar a ata de fundação. Serei o Presidente e ele terá as funções de Secretário.

Depois de breve conversação, o grupo recebeu o nome de “Centro Espírita Luiz Gonzaga”.

Chico lavrou a ata que todos presentes assinaram.

Mas, na manhã imediata, o cavalheiro que chamara a si a Presidência, voltou à venda de José Felizardo e pediu para que seu nome fosse retirado da ata, alegando:

 —Chico você sabe que sou de família católica e tenho meus deveres sociais. Ontem, aquele meu entusiasmo pelo Espiritismo era efeito do vinho. Se vocês precisarem de mim, estou pronto para auxiliar, contudo, não posso aceitar o encargo de Presidente.

—Mas, e como ficaremos? – perguntou o Chico – eu sou apenas o Secretário.

—Você faça como achar melhor, mas não conte comigo.

E o Presidente saiu, deixando o Chico a pensar…

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