O Anjo Bom
Dois anos de surras incessantes. Dois anos vivera o Chico junto da madrinha.
Numa tarde muito fria, quando entrou em colóquio com Dona Maria João de Deus, Chico implorou:
— Mamãe, se a senhora vem nos ver, porque não me retira daqui?
O Espírito carinhoso afagou-o e perguntou:
— Por que está você tão aflito? Tudo, no mundo, obedece à vontade de Deus.
— Mas a senhora sabe que nos faz muita falta.
A Mãezinha consolou-o e explicou:
— Não perca a paciência. Pedi a Jesus para enviar um anjo bom que tome conta de vocês todos.
E sempre que revia a progenitora, o menino indagava:
—Mamãe, quando é que o anjo chegará?
—Espere meu filho! – era a resposta de sempre.
Decorridos dois meses, o Sr. João Cândido Xavier resolveu casar-se em segundas núpcias.
E Dona Cidália Batista, a segunda esposa, reclamou os filhos de Dona Maria João de Deus, que se achavam espalhados em casas diversas.
Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico. Quando a criança voltou ao antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos.
Dona Cidália abraçou-o e beijou-o com ternura e perguntou:
— Meu Deus, onde estava este menino com a barriga deste jeito?
Chico, encorajado com o carinho dela, abraçou-a também, como o pássaro que sentia saudades do ninho perdido.
A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou:
— Você sabe quem sou, meu filho?
— Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou…
E, desde então, entre os dois, brilhou o amor puro com que o Chico seguiu a segunda mãe, até a morte.
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