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A oração

A nossa reunião da noite de 17 de março de 1955 caracterizou-se pelo esforço assistencial intensivo. Entidades desencarnadas, em lamentável desequilíbrio, reclamaram-nos grande atenção… E, muitas vezes, fomos constrangidos à prece para melhor assimilarmos o auxílio dos nossos Benfeitores do Alto. Finalizando as nossas tarefas, Meimei compareceu, através do médium, reconfortando-nos com bondade. — “Meus irmãos, — disse a nossa companheira, — todos partilhamos o contentamento da nossa noite de serviço e, quanto nos é possível, estamos colaborando para que fluidos restauradores nos controlem o ambiente, restituindo-lhe o equilíbrio físico, indispensável à luta redentora em que nos situamos. Pedimos mais alguns instantes de silêncio e harmonia mental, pois estamos com a visita do nosso amigo Amaral Ornellas, que algo nos dirá, relativamente à oração.” Retirou-se Meimei e o nosso irmão mencionado, operando imediata transfiguração do médium, ocupou-lhe os recursos psicofônicos e, de pé, d...

Em prece a Jesus

Senhor Jesus!  Divino condenado sem culpa!…  Enquanto Te rememoramos o madeiro de ignomínia, lança Tua benção sobre nós, os que nos enfileiramos, junto à rebeldia do Mau Ladrão…  Tu que Te confiaste à extrema renúncia pelos que padeciam na miséria, não Te esqueças daqueles que ainda estendem na Terra o sofrimento e a ignorância, a fome e a nudez!  Muitos, ó Eterno Benfeitor, Te rogarão socorro para os que foram relegados à intempérie, entretanto, nós sabemos que a Tua presença sublime aquece todos os que foram abandonados à noite da provação e, por isso, rogar-te-emos abrigo para as mãos que erguem templos em Tua memória, esquecendo fora das portas os que soluçam de frio.  Ah! Senhor! Quantos Te pedirão pela ovelha estraçalhada, longe do aprisco!… Nós, no entanto, não desconhecemos que o Teu olhar vela, poderoso e vigilante, ao pé de todos os vencidos, convertendo-lhes a dor em pão de Tua graça, nos celeiros da eterna vitória!… Suplicar-te-emos, assim, abenço...

Deus conta contigo

Ouço-te, às vezes, coração amigo, Em torno ao bem, numa questão qualquer:  — “Farei… Conseguirei… Conta comigo… Se Deus quiser, se Deus quiser…” Mas não te alteres, a pretexto disso, De segundo a segundo, estrada a estrada, A Vontade de Deus é revelada Em bondade e serviço. Fita os quadros da gleba, campo afora; Tudo o que existe, vibra, luta e sente, Serve constantemente, Dia a dia, hora a hora!… De alvorada a alvorada, o Sol fecundo, Sem aguardar requerimento, Garante sem cessar o equilíbrio do mundo, De seu carro de luz no firmamento. A fonte, a deslizar singela e boa, Passa fazendo o bem, Dessedenta, consola, alivia, abençoa Sem perguntar a quem… Sem recorrer a humanos estatutos, Nem a filosofias enganosas, A laranjeira estende os próprios frutos, A roseira dá rosas… O lírio não se ofende, nem reclama: Sobre a terra onde alguém lhe deitou a raiz, Seja em vaso de estufa ou num trato de lama, Desabrocha feliz. Assim no mundo, coração amigo, Faze o bem onde for, seja a quem for...

O grande doador

Ele não era médico e levantou paralíticos e restaurou leprosos, usando o divino poder do amor. Não era advogado e elegeu-se o supremo defensor de todos os injustiçados do mundo. Não possuía fazendas e estabeleceu novo reino na Terra. Não improvisava festas e consolou os tristes e reergueu o bom ânimo das almas desesperadas. Não era professor consagrado e fez-se o Mestre da Evolução e do Aprimoramento da Humanidade. Não era Doutor da Lei e criou a universidade sublime do bem para todos os espíritos de boa vontade. Padecendo amarguras – reconfortou a muitos. Tolerando aflições – semeou a fé e a coragem. Ferido – curou as chagas morais do povo. Supliciado – expediu a mensagem do perdão e do amor, em todas as direções. Esquecido pelos mais amados – ensinou a fraternidade e o reconhecimento. Vencido na cruz – revelou a vitória da vida eterna em plena e gloriosa ressurreição, renovando os destinos das nações e santificando o caminho dos povos. Ele não era, portanto, rico e engrandeceu os ...

Perante Deus

Se houve alguém na Terra com autoridade suficiente para definir o Supremo Criador do Universo, esse alguém foi Jesus, que O representava, sublime, à frente da Humanidade. Entretanto, para desincumbir-se da divina missão de revelá-lo a nós outros, não se perde em cogitações da inteligência, de vez que a inteligência é fatalmente constrangida a renovar-se, todos os dias. Nem presunção. Nem retórica. Nem violência. Nem fantasia. O Mestre Inolvidável serviu apenas; elegendo no amor puro e irrestrito, a força de sua mensagem inesquecível. De todas as criaturas busca a melhor parte para exalçá-las à gloria excelsa. Doutrinando os doutores do Templo, não lhes menospreza a cultura. Apenas esclarece-os. Em contato com Zaqueu, não lhe amaldiçoa os haveres. Auxilia-o a usá-los. Junto de Madalena, não lhe vergasta a condição de mulher sofredora. Soergue-lhe o bom ânimo. Ao pé dos enfermos de todos os matizes, não lhes destaca os erros e os compromissos. Ajuda-os, simplesmente. Sofrendo a negaçã...

Em nome de Jesus

A viúva havia perdido o filho que se lhe fizera arrimo, assassinado por um amigo que o tóxico desequilibrara e que fugira ao pronunciamento da justiça. Depois de alguns meses, estava ela distribuindo refeições a pessoas necessitadas, numa instituição cristã de beneficência, quando alguém lhe apontou um rapaz à mesa e lhe segredou:  — Aquele é o matador de seu filho. A senhora, com grande terrina às mãos, estremeceu; mas voltando-se para uma parede lateral, como quem desejava ausentar-se daquela situação, esbarrou com a efígie de Cristo Crucificado.  Imediatamente, recordou que o Divino Mestre também fora exterminado sem culpa. Estranha força lhe surgiu no coração e prosseguiu adiante. Chegando ao prato do rapaz indicado, passou a servi-lo com gentileza. O moço, surpreendido, perguntou-lhe:  — A senhora sabe que matei seu filho e que sou um assassino… Como pode me servir com tanta bondade? Ela, porém, sorriu levemente e apontando-lhe, com o olhar, a face do Senhor, na t...

Amorável Jesus, estamos de retorno

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Ontem, nesse passado sempre presente, ouvimos-te nas paisagens formosas da gentil Galileia e fascinamo-nos com os Teus sublimes ensinamentos. Tocados sinceramente no coração, resolvemos seguir-te à distância através dos tempos, vivendo e cantando a Tua mensagem libertadora. No entanto, o mundo que enfrentamos não era semelhante às praias formosas e calmas de Cafarnaum e deixamo-nos vencer pelas ondas encapeladas, pelo tumulto das nossas paixões não apaziguadas, afogando-nos lamentavelmente. Durante largo período em que procuramos retornar ao Teu rebanho de amor, somente complicamos a conduta, cada vez afundando mais nas águas revoltas do desespero íntimo. Sentíamos saudades de Ti e não conseguíamos decodificar corretamente. Por isso, fugíamos de nós mesmos, buscando fora o que somente é possível encontrar no interior dos sentimentos profundos. Enquanto nos ensinavas correr para o deserto, para acalmar a febre das paixões primitivas, atirávamo-nos nas labaredas dos incêndios morais e...