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Natal do coração

Abençoadas sejam as mãos que, em memória de Jesus, espalham no Natal a prata e o ouro, diminuindo a miséria e a necessidade, a fome e a nudez!…  Entretanto, se não forem iluminadas pelo amor que ajuda sempre, esses flagelos voltarão amanhã, como a erva daninha que espreita a ausência do lavrador. Não retenhas, assim, a riqueza do coração que poder dar, tanto quanto o maior potentado da Terra! Deixa que a manjedoura de tua alma se abra, feliz, ao Soberano Celeste, para que a luz te banhe a vida. Com Ele, estenderás o coração onde estiveres, seja para trocar um pensamento compassivo com a palavra escura e áspera ou para adubar uma semente de esperança, onde a aflição mantém o deserto! Com Ele, inflamarão de júbilo os olhos de algum menino triste e desamparado e uma simples criança, arrebatada hoje ao vendaval, pode amanhã ser o consolo da multidão... Com Ele, podes oferecer a bênção da tolerância aos que trabalham contigo, transformando o altar de teu coração em altar de Deus!…...

Simeão e o menino

Dizem que Simeão, o velho Simeão, homem justo e temente a Deus, mencionado no Evangelho de Lucas, após saudar Jesus criança, no templo de Jerusalém, conservou-o nos braços acolhedores de velho, à distância de José e Maria, e dirigiu-lhe a palavra, com discreta emoção: — Celeste Menino – perguntou o patriarca –, porque preferiste a palha humilde da Manjedoura? Já que vens representar os interesses do Eterno Senhor na Terra, como não vestiste a púrpura imperial? Como não nasceste ao lado de Augusto, o divino, para defender o flagelado povo de Israel? Longe dos senhores romanos, como advogarás a causa dos humildes e dos justos? Porque não vieste ao pé daqueles que vestem a toga dos magistrados? Então, poderias ombrear com os patrícios ilustres, movimentar-te-ias entre legionários e tribunos, gladiadores e pretorianos, atendendo-nos à libertação… Porque não chegaste, como Moisés, valendo-se do prestígio da casa do faraó? Quem te preparará, Embaixador Eterno, para o ministério santo? Que...

O Divino Servidor

Quando Jesus nasceu, uma estrela mais brilhante que as outras luzia, a pleno céu, indicando a manjedoura. A princípio, pouca gente lhe conhecia a missão sublime. Em verdade, porém, assumindo a forma de uma criança, vinha Ele, da parte de Deus, nosso Pai Celestial, a fim de santificar os homens e iluminar os caminhos do mundo. O Supremo Senhor que no-lo enviou é o Deus de Todas as Coisas. Milhões de mundos estão governados por suas mãos. Seu poder tudo abrange, desde o Sol distante até o verme que se arrasta sob nossos pés; e Jesus, emissário d´Ele na Terra, modificou o mundo inteiro. Ensinando e amando, aproximou as criaturas entre si, espalhou as sementes da compaixão fraternal, dando ensejo à fundação de hospitais e escolas, templos e instituições, consagrados à elevação da Humanidade. Influenciou, com seus exemplos e lições, nos grandes impérios, obrigando príncipes e administradores, egoístas e maus, a modificarem programas de governo. Depois de sua vinda, as prisões infernais, ...

Prece de Natal

Senhor, desses caminhos cor de neve De onde desceste um dia para o mundo, Numa visão radiosa, linda e breve De amor terno e profundo, Das amplidões augustas dos Espaços, No teu Natal de eternos esplendores, Abrigam nos teus braços A multidão dos seres sofredores!…  Que em teu Nome Receba um pão o pobre que tem fome, Um trapo o nu, o aflito uma esperança. Que em teu Natal a Terra se transforme Num caminho sublime, santo e enorme De alegria e bonança! Apesar dos exemplos da humildade Do teu amor a toda a Humanidade, A Terra é o mundo amargo dos gemidos, De tortura, de trevas e impenitência, Que a luz do amor de tua Providência Ampare os seres tristes e abatidos. ………………………………………………………………… E em teu Natal, reunidos nós queremos, Mesmo no mundo dos desencarnados, Esquecer nossas dores e pecados, Nos afetos mais doces, mais extremos, Reviver a efeméride bendita Da tua aspiração na Terra aflita, Unir a nossa voz à dos pastores, Lembrando os milagrosos esplendores Da estrela de Belém, Pe...

Na glória do Natal

Senhor – rei divino projetado às sombras da manjedoura –, diante do teu berço de palha recordo-me de todos os conquistadores que te antecederam na Terra. Em rápida digressão, vejo Sesóstris, em seu carro triunfal, pisando escravos e vencidos, em nome do Egito sábio, e Cambises, rei dos persas, ocupando o vale do Nilo, antes poderoso e dominador. Reparo as lutas sanguinolentas dos assírios, disputando a hegemonia do seu império dividido e infeliz. Nabopolassar e Nabucodonosor reaparecem à minha frente, arrasando Nínive e atacando Jerusalém, cercados de súditos a se banquetearem sobre presas misérrimas para desaparecerem, depois, num sudário de cinza. Não observo, contudo, apenas o gentio, na pilhagem e na discórdia, expandindo a própria ambição; o povo escolhido, apesar dos desígnios celestes que lhes fulguram na lei, entrega-se, de quando em quando, à sementeira de miséria e ruína; revoluções e conflitos ceifam as doze tribos e orgulho desvairado compele irmãos ao extermínio de irmã...

Diante da Lei

O espírito consciente, criado através dos milênios, nos domínios inferiores da natureza, chega à condição de humanidade, depois de haver pago os tributos que a evolução lhe reclama.  À vista disso, é natural compreendas que o livre-arbítrio estabelece determinada posição para cada alma, porquanto cada pessoa deve a si mesma a situação em que se coloca. Possuis o que deste. Granjearás o que vens dando. Conheces o que aprendeste. Saberás o que estudas. Encontraste o que buscavas. Acharás o que procuras. Obtiveste o que pediste. Alcançarás o que almejas. És hoje o que fizeste contigo ontem. Serás amanhã o que fazes contigo hoje. Chegamos, no dia claro da razão, simples e ignorantes diante do aprimoramento e do progresso, mas com liberdade interior de escolher o próprio caminho. Todos temos, assim, na vontade a alavanca da vida, com infinitas possibilidades de mentalizar e realizar. O governo do Universo é a justiça que define, em toda parte, a responsabilidade de cada um. A glória ...

O advogado da cruz

No mundo antigo, o apelo à Justiça significava a punição com a morte. As dívidas pequeninas representavam cativeiro absoluto. Arrastavam-se os delinquentes nos cárceres sem esperança. As dádivas agradáveis aos deuses partiam das mãos ricas e poderosas. Os tiranos cobriam-se de flores, enquanto os miseráveis se trajavam de espinhos. Mas, um dia, chegou ao mundo o Sublime Advogado dos oprimidos. Não havia, na Terra, lugar para Ele. Resignou-se a alcançar a porta dos homens, através de uma estrebaria singela. Em breve, porém, restaurava o templo da fé viva, na igreja universal dos corações amantes do bem. Deu vista aos cegos. Curou leprosos, exaltou o esforço dos humildes, quebrou as algemas de ignorância, instituiu a fraternidade e o perdão. Processaram-no, todavia, os homens perversos, à conta de herético, feiticeiro e ladrão. Depois do insulto, da ironia e da pedrada, conduziram-no ao madeiro destinado aos criminosos comuns. Ele, que ensinara a Justiça, não se justiçou; que salvara ...